Samuel Félix/Ceará SC

O Ceará acaba de ganhar um reforço para o trabalho multidisciplinar com o elenco. Ciente do ambiente de pressão do futebol de alto rendimento, o Vozão decidiu dar ainda mais atenção à saúde mental de seus atletas e da comissão técnica, e inova ao criar um Departamento de Performance Mental.

O novo setor do Departamento de Futebol contemplará os pilares psicológico, psiquiátrico e psicossocial de atletas e staff do Clube. Trabalhando em conjunto com a comissão técnica, comporão o novo departamento o psiquiatra Carlos Celso, o psicólogo Ricardo Ângelo e assistente social Eliete Marques.

MAIOR ABRENGÊNCIA
Segundo definição da Organização Mundial de Saúde (OMS), saúde mental é o estado de bem-estar em que um indivíduo encontra-se ao ponto de utilizar o máximo de suas habilidades para contribuir aos ambientes, inclusive o corporativo, em que esteja inserido. O relatório mais recente desenvolvido pela Fruitful Insights - corporação britânica com foco no bem-estar organizacional - mostra o vertiginoso crescimento da importância da busca pela saúde mental nos locais de trabalho e do quanto os profissionais enxergam a relevância disso para o bom rendimento de suas funções laborais.

Aliado às valências físicas e táticas, o pilar psicológico ganhará ainda mais importância no dia a dia de trabalho dos profissionais do futebol alvinegro. As ações terão como foco o melhor entendimento das mais diversas ocasiões do jogo e do cotidiano, como explicou o psicólogo Ricardo Ângelo, profissional responsável pela área no novo setor alvinegro.

“A minha parte dentro desse setor é trabalhar, juntamente com a comissão técnica, para identificar dentro do campo, nos treinos, jogos e competições como um todo, como é que a gente pode trabalhar os aspectos psicológicos que estão dentro do alto rendimento. Concentração, garra, comunicação, liderança, tomadas de decisões e outros aspectos como saúde mental, para que os nossos atletas trabalhem isso de maneira preventiva”, esclareceu

Neste primeiro momento, o trabalho é de identificação das necessidades individuais e do grupo como um todo. “Estamos identificando as valências psicológicas que os nossos atletas precisam colocar em prática para que a gente estabilize o rendimento e consiga uma temporada estável dentro e fora de campo”, finalizou.

APLICAÇÃO
Enquanto Ricardo trabalhará inicialmente com o staff técnico para estabelecer diretrizes ao elenco, Carlos Celso, o novo psiquiatra do Ceará, focará mais na performance mental direta dos atletas; um trabalho mais voltado para a parte clínica, quando assim houver necessidade.

“Minha parte é a mais assistencial propriamente dita. A gente tenta fazer, de certa forma, esse equilíbrio entre a parte clínica e a parte da performance, visando sim a melhora do rendimento mental em termos desportivos, mas também dando vazão, ou assistência de forma precoce a possíveis alterações mais patológicas que venham a surgir em atletas”, comentou.

CUIDADO COM AS FAMÍLIAS
O cuidado social com as famílias dos atletas também é parte crucial para a manutenção da saúde mental. Quem desempenha esse papel no Ceará é a assistente social Eliete Marques. O objetivo também é fortalecer vínculos sociais e contribuir para o equilíbrio socioemocional de pais, filhos e esposas.

A profissional explica que o acolhimento e o suporte à família no Ceará se transformam em uma rede de apoio aos atletas, facilitando-os a enfrentar desafios, a manter o foco e a lidar com as pressões do esporte, aumentando, assim, a motivação e contribuindo para o bem-estar geral do atleta e da sua família. 

“No Ceará, acreditamos que a família é parte fundamental na busca pela alta performance do atleta. Temos recebido feedbacks muito positivos desse acolhimento. Muitos nunca viram isso nos clubes por onde passaram. Esse cuidado não só com os atletas é foco no nosso trabalho”, conclui Eliete.