Foto: Israel Simonton/Ceará SC

Abalizado pelas novas tecnologias que, empregadas à ciência do esporte, qualificam o dia a dia de trabalho de um clube de futebol, o Ceará dispõe de um trabalho interdisciplinar do mais alto nível, quando se trata de seu Centro de Saúde e Performance. Em meio à pré-temporada 2024, o Alvinegro analisa positivamente os resultados do setor no ano anterior. Em relatório produzido no fim do último ano, o clube detectou uma redução de 38% das lesões musculares em relação ao ano anterior, fruto de um trabalho coletivo dos diversos setores que fazem o CESP. 

Testes iniciais
Tudo tem início ainda na pré-temporada, processo em que o elenco 2024 está inserido neste momento.Comitantemente aos exames clínicos e laboratoriais, a equipe de fisioterapia realiza testes para a indicação de fatores que podem causar lesões junto ao elenco. Visando a constatação de condições como uma eventual assimetria na força entre membros, por exemplo, as análises oferecem aos profissionais os fatores que precisam ser melhorados em cada atleta e, mediante à avaliação dos profissionais do CESP, quais os procedimentos que deverão ser adotados. 

Fisioterapeuta do Ceará Sporting Club, Adolfo Bernardo explicou ao cearasc.com sobre os processos realizados neste período e sobre os objetivos de cada um deles. 

“Esses testes são compostos por situações envolvendo mobilidade, desempenho, que são acometidas no futebol. Panturrilha, partes anterior e posterior da coxa e os adutores. Ao fim dessa avaliação, a gente tem uma triagem do atleta para saber como ele está. O que a gente busca é o máximo de simetria possível, mas algumas situações encontramos algumas particularidades, algumas assimetrias em atletas, algumas doenças e a gente precisa trabalhar para corrigir isso”, contou.

As eventuais correções acontecem no decorrer do ano em parceria com setores como a fisiologia e preparação física, por exemplo. Na fisiologia, o trabalho do dia a dia é efetuado com o auxílio do que há de mais novo no mercado, além dos relatórios de esforço subjetivo, questionários que os atletas respondem diariamente antes e depois dos treinos e jogos. 

O setor também é o responsável pelo controle contínuo de cargas, avaliando cotidianamente os níveis de esforço de cada integrante do elenco e o quanto cada um deles pode estar inserido no dia a dia de atividades. 

“A gente conta com a termografia e com marcadores bioquímicos em que a gente analisa duas variáveis: CK (Creatina Quinase) e o outro é a PCR (Proteína C Reativa). Com os questionários subjetivos, a gente entende como  que o atleta chegou ao clube, se ele dormiu bem, se está com alguma dor ou algum estresse. Depois, nossa equipe associa tudo isso com parâmetros de carga externa, dados de GPS e tem uma resposta do quanto está recuperado o atleta e, com isso, apto às atividades de cada um dos dias de treinamentos”, salientou o fisiologista Pedro Monteiro. 

Em conjunto com o campo 

Tudo ocorre em consonância com o que acontece nos trabalhos do campo. Integram as atividades no Vovozão e, é claro, os jogos somente os atletas totalmente aptos à exposição física de cada um dos treinamentos. Completamente reformado no ano de 2022, o CESP passou por uma integração completa dos setores ligados à preparação física e clínica dos atletas e, com processos bem estabelecidos desde então, hoje colhe os frutos em resultados como no da redução de 34 afastamentos por lesões musculares de 2022 para 21, número obtido no último. Preparador Físico do Alvinegro, Roberto Farias cita que a integração dos trabalhos e o cumprimento da metodologia de trabalho são os fatores fundamentais para isso. 

A gente atribui essa redução ao próprio trabalho a longo prazo. Eu estou no clube há seis anos e vivi todo o processo. Desde a construção do CESP, a integração dos departamentos. Muitas pessoas e comissões passam, mas o processo se mantém. O Ceará possui uma estrutura, uma metodologia bem estabelecida e as comissões que vêm de fora, também se adequam a isso. Ano a ano a gente conseguindo diminuir o número de lesões. E eu creio que a continuidade desse trabalho, de todo o processo em geral, é que é o grande responsável por esses resultados”, contou. 

A integração também foi destacada por Joaquim Garcia, médico do Time do Povo. Segundo o profissional, tudo acontecia de forma conjunta e o bom trabalho de cada setor possibilitava o mesmo resultado nos demais. 

“O que eu posso destacar principalmente é a integração entre os departamentos, tanto da parte médica, fisioterapia, fisiologia, preparação física, um trabalho integrado que foi realizado, no qual análises diárias. A partir dessas análises a gente determinava em algum momento retirar um atleta de um determinado treino para fazer um trabalho de fortalecimento muscular quando necessário, além de realizar um trabalho individualizado com cada jogador”, finalizou.