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Os consulados do Vozão estão espalhados por todo o mundo. No Brasil, são 190 consulados, dos quais 121 apenas no Ceará. No exterior, somos 52 núcleos, mas nenhum deles é tão exótico quanto o representado por Davi Montenegro. O consulado dele será o primeiro itinerante. É que o cearense Davi é um nômade moderno e viaja pelo mundo desde 2010, quando fez um intercâmbio para a Argentina.

Além da paixão por viagens e mochilões está a paixão pelo Ceará. Filho de uma torcedora do Vozão, passou a acompanhar o time com mais frequência quando morava em Campinas/SP. Buscando manter-se conectado às suas raízes, encontrou no futebol essa ligação e daí em diante, com outros amigos cearense com quem morava na cidade paulista, passou a ir ao estádio sempre que o Ceará ia jogar por lá.

O lance virou um romance e, além da camisa da Seleção Brasileira, Davi, conhecido por “Cabeça pra Baixo” (@cabeça.pra.baixo), passou a viajar com camisas e bandeiras do Mais Querido. Em seus mochilões, além de conhecer pessoas e lugares novos quase o tempo todo, tem aproveitado para apresentar o time aos colegas que faz pelo caminho e, por isso, foi escolhido para ser um cônsul nômade, o primeiro e único do clube. Sua nomeação será feita na capital do estado, nos próximos meses. Atualmente, ele se encontra em uma viagem por toda a América Central, do Panamá à Guatemala, de bicicleta.

Conversamos com ele, diretamente da Costa Rica, onde o ilustre torcedor se encontra, para conhecer um pouco mais de sua história e sua paixão pelo Ceará.

Ceará SC: Davi, seja bem vindo. Se apresenta, brevemente, para o torcedor do Vozão, por favor.

Davi: Me chamo Davi Montenegro, mais conhecido como “Cabeça pra Baixo”, sou cearense, formado em engenharia da computação pela Unicamp/SP e apaixonado por viajar. Comecei a morar longe de casa, por conta da faculdade, mas fui parar na Argentina pouco tempo depois, por conta de um intercâmbio. Me candidatei a uma vaga para um voluntariado na Ásia e acabei aproveitando para viajar por vários países próximos da Indonésia, onde estava dando aulas de inglês e matemática para crianças. De lá pra cá, não parei mais.

Ceará SC: Acompanhando o seu instagram (@cabeça.pra.baixo), vimos que sua história é repleta de fatos inusitados e boas surpresas, mas antes de avançar sobre esses assuntos, em que parte dela surgiu o Ceará Sporting Club?

Davi: Minha mãe é muito torcedora do Ceará, mas eu mesmo não acompanhava o time, até chegar a Campinas, onde passei a frequentar os jogos por conta de outros dois cearenses e torcedores do Vozão com quem eu morava. Na época, 2010 e 2011, o Ceará estava na Série A, então eram frequentes os jogos por lá. Passei a torcer, acompanhar os jogos.

Ceará SC: O quê mais de futebol você viveu em suas andanças pelo mundo?

Davi: Meu terceiro roteiro, depois de Argentina e Indonésia, foi uma volta ao mundo. Queria fazer uma viagem mais longa, de um ou dois anos. Acabei levando um ano e meio e ela começou pela Copa do Mundo da Rússia. Acabei incluindo, além da camisa da Seleção Brasileira, algumas camisas do Vozão e quem me acompanha nas redes sociais sabe que ando bastante com elas.

Eu já tinha sentido que o futebol sempre gerava algum papo legal, então nessa viagem que passei por todo o leste europeu, África, Índia, Oceania fiz muitos amigos por causa do futebol. Na África, por exemplo, conheci a história de um brasileiro muito famoso por lá. Era o Geovane Maranhão. Sempre que me viam com a camisa da Seleção, apontavam e diziam, cheios de sotaque, “Ronaldinho! Neymar! Geovane Maran-hao…” e eu fiquei curioso para saber quem era esse último. Até que entendi que se tratava de Geovane Maranhão, estrela de um time do Sudão, o Al-Hilal Omdurman. Fiz amizade com ele pelo Instagram, comemos um hambúrguer a convite dele e viramos amigos.

Aliás, fiz uma viagem de bicicleta do Ceará para os Lençóis Maranhenses com duas amigas em 2019 e olha a coincidência: Geovane estava de férias na casa da família, em Barreirinhas-MA. Voltamos a nos ver nessa ocasião e na época William Oliveira jogava pelo Ceará. Eles tinham jogado juntos em um time aqui no Brasil, então ele fez uma videochamada para o amigo e falou da história que conheceu um torcedor do Vozão no meio da África… tem Ceará em todo lugar, de verdade [risos].

Ceará SC: Quais outros fatos curiosos você nos conta, além do futebol?

Davi: Ah, cara. Já fiz muita coisa legal. Eu e alguns amigos batemos recorde de um desafio chamado “Send me to heaven”. Consistia em lançar o celular o mais alto possível e ultrapassamos o recorde da época. Cheguei longe também, com outros amigos, em vários campeonatos de Magic (jogo de estratégia com cartas). Por causa do jogo, conheci a Alemanha e o Chile. No Chile, fiquei nas quartas de final, na sexta colocação do “Grand Prix Santiago 2013” de Magic. Como programador, fui um dos desenvolvedores de um jogo chamado Castle Crush, um hit na Alemanha e, por fim, fiz o mundo inteiro dançar ao som de “Um morto muito louco”, funk do DJ Marlboro, tá no YouTube.

Ceará SC: Quando voltar pelo Ceará, receberá o título de Cônsul Alvinegro Itinerante, o primeiro e único do Vozão. O que isso representa para você?

Davi: Será a maior honra! Já represento o clube por onde vou sem título algum, recebendo esse reconhecimento então farei o mesmo com ainda mais amor. Vou entrar pela primeira vez na sede do Alvinegro e ter oportunidade de conhecer o clube que torço. Isso é sem tamanho.

Os livros de Davi

O engenheiro e torcedor alvinegro tem três livros publicados onde narra suas viagens. Dois deles são encontrados em versões física e digital e um apenas digital. São eles (clique para conhecer e comprar): "O Mundo de Cabeça pra Baixo - África Oriental","O Mundo de Cabeça pra Baixo - Europa e Oriente Médio" e "O Guia Completo do Mochileiro Raiz", todos e em todas as versões à venda na Amazon.

Os consulados alvinegros

Nascido a partir de uma experiência de sucesso da Embaixada de Brasília, o Consulado Alvinegro nasceu em 2016 com o objetivo de congregar os torcedores do Ceará espalhados pelo Brasil e mundo. O consulado é uma extensão do clube, oportunidade para os torcedores alvinegros que moram fora da capital cearense de participar do crescimento do clube ajudando na sua divulgação, dando opiniões, críticas e sugestões, ou seja, o Consulado Alvinegro é uma experiência de contato direto entre a apaixonada torcida alvinegra e a Diretoria do clube.